Foto: Rogério Marques
A propriedade Granja Sítio Santo Antônio, em Areias, participa do projeto Práticas Integrativas em Propriedades Rurais, financiado pelo FEHIDRO
O Agro Bioma proporciona a disponibilização de recursos naturais de sustento à vida como matéria e energia para produção de bens. A família do João Candinho, da propriedade rural Granja Sítio Santo Antônio, em Areias, interior do estado de São Paulo, é exemplo disso. Eles são em cinco pessoas: João Candinho, Gisele Rezende, Giovanni Rezende, Leonardo Rezende e Leandro Rezende, morando dentro de uma área de mais de cinco hectares, com nascentes que percorrem o interior da propriedade rural. O local participa do projeto Práticas Integrativas em Propriedades Rurais, financiado pelo FEHIDRO. Este projeto foi aprovado pelo Comitê das Bacias Hidrográficas do Rio Paraíba do Sul em 2020 para desenvolver o reflorestamento e recuperar as nascentes, além de implementar técnicas de saneamento ambiental com instalação de biodigestor que produz gás natural, fertilizante e o aumento da produção de leite.
O projeto, coordenado pela engenheira agrônoma Profª Drª Karla Conceição Pereira, coordenadora também da Câmara Técnica de Saneamento do CBH-PS e pesquisadora da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, está dando frutos ao meio ambiente e à economia da família. Ele iniciou com o Movimento das Nascentes do Rio Paraíba do Sul juntamente com o professor Lázaro Tadeu, o famoso personagem do Zé da Paraíba, para ser um modelo de conservação das nascentes e como modelo de educação ambiental.
Ao longo da implantação do projeto, a propriedade foi adequada na legislação pertinente as questões ambientais, além de ter sido licenciadas todas as atividades que são desenvolvidas pelo pequeno proprietário rural, garantindo o desenvolvimento sustentável e a economia verde.
A economia verde é um modelo econômico que visa a melhoria de indicadores sociais, da eficiência no uso de recursos naturais e a adesão de práticas de consumo consciente e baixa emissão de carbono. A prática utilizada pela família com o biodigestor é uma tecnologia de baixo custo capaz de gerar energia, tratar resíduos da propriedade rural e contribuir com a redução dos gases do efeito estufa, além de produzir o biofertilizante, adubo rico em nutrientes e gás natural.
Segundo a Regiane Rezende, proprietária rural, com um investimento de aproximadamente R$ 12 mil, a família construiu o biodigestor com capacidade de gerar biogás equivalente a 2 botijões de gás de cozinha, e ainda produzir aproximadamente 400 litros de biofertilizantes por mês. E vale informar que, o gás produzido no processo de biodigestão é incolor, não tem cheiro e é um combustível que pode ser usado em fogões, geladeiras a gás, em máquinas e equipamentos com motores a combustão. O equipamento é capaz de trazer grandes benefícios ao meio ambiente, saúde e economia à família. Já a produção de leite, são mais de 900 litros, obtendo uma renda de R$ 3 mil por mês. Antes dos cuidados com a terra e na produção dos biofertilizantes, a família produzia o que era possível dentro das suas condições para manter a manada. Hoje a produção do leite é o triplo.
Com a aplicação de boas práticas agropecuárias e ambientais, a família já se caracteriza como agente de agricultura familiar e já vislumbra a possibilidade de sobreviver 100% da terra. Giovanni, filho caçula, hoje com 15 anos já pensa em continuar trabalhando na área rural e não mais se mudar para a cidade, garantindo a permanência do futuro da família.
O município de Areias fica no Vale Histórico, na região do Vale do Paraíba. É nesta cidade que se encontra a nascente do rio Paraíba do Sul, na Serra da Bocaina. Areias possui diversos produtores rurais e foi contemplado em 2023 com mais recursos do FEHIDRO para realização de saneamento rural e monitoramento de controle de perdas de água por meio da inteligência artificial. Estes projetos ainda serão iniciados.
Esta ação mobilizou demais moradores, comerciantes e proprietários rurais que hoje acompanham e fazem parte do desenvolvimento ambiental e rural da cidade, visando a qualidade de vida, a saúde pública, a economia e a melhoria do turismo local.
“Este é um modelo de projeta de vida, que visa contribuir com os produtores rurais, com a economia verde, com o meio ambiente, a Mata Atlântica, o cuidado com a água do Rio Paraíba do Sul, junto a sua nascente, além da educação ambiental com os alunos da rede municipal e estadual, proporcionando uma rede de estudos e pesquisas para a academia também com os alunos de graduação e pós-graduação de diferentes instituições que queiram participar da pesquisa científica ambiental no local. O Movimento das Nascentes do Paraíba, do Professor Lázaro, quem me deu a oportunidade de garantir o desenvolvimento sustentável.”, afirma a Profª Drª Karla Conceição Pereira.
O projeto
Ele tem o objetivo de reconstruir e conceber uma sub-bacia hidrográfica modelo do ribeirão Vermelho de Areias/SP baseada em princípios sustentáveis, por meio da adequação ambiental da propriedade rural, incorporando ações de recuperação, melhoria, produção, gestão e monitoramento das práticas integrativas em pesquisa, ensino e extensão. E ainda, promover a difusão de conhecimento em gestão dos recursos hídricos e suas relações com manejo e uso do solo, além da interação com os recursos naturais, possibilitando a articulação de parcerias e o envolvimento comunitário local e regional. O projeto foi aprovado pelo CBH PS – Comitê das Bacias Hidrográficas do Rio Paraíba do Sul, em 2021, e financiado pelo FEHIDRO – Fundo Estadual de Recursos Hídricos no valor de R$ 320.695,33, com contrapartida da FUNDAG – Fundo de Apoio à Pesquisa Agrícola no valor de R$ 44.806,00.