Foto: Rogério Marques
O objetivo é realizar o monitoramento do controle de perda de água nas cidades do Vale do Paraíba, o projeto foi elaborado pelo Parque Tecnológico de São José dos Campos
O projeto tem como objetivo realizar o monitoramento do controle de perda de água nas cidades de Cunha, Areias e Guaratinguetá assistidas por Inteligência Artificial. Ele permitirá o monitoramento em tempo real do sistema de abastecimento de água, fornecendo dados que podem ser usados para identificar e corrigir problemas de forma mais eficaz nestas cidades do Vale do Paraíba, estado de São Paulo. O projeto foi elaborado pelo Parque Tecnológico de São José dos Campos e foi deliberado, em plenária do Comitê das Bacias Hidrográficas do Rio Paraíba do Sul, o valor de R$ 4.040.542,28 do 1º Edital FEHIDRO – 2023.
A prestação de serviços visa o suporte e manutenção mensal, de componentes baseados em tecnologias de mapeamento de redes de água e consumidores através de um software de Sistema de Informações Geográficas (GIS), para modelagem hidráulica com integração em tempo real com sensores inteligentes, análise do comportamento dos hidrômetros, matriz do balanço hídrico dinâmica, integração com ambiente Web, ferramenta de Ensino/Treinamento a Distância (EAD), redes sociais e base de conhecimento, com o objetivo da redução das perdas de água. As tecnologias a serem implementadas terão uma forte integração com ferramentas de Inteligência Artificial – IA. Além da implementação, será realizada a capacitação, suporte e manutenção contínua de um sistema integrado e inovador durante o período estipulado no projeto. O armazenamento de dados geográficos seguirá padrões internacionais estabelecidos pelo Open Geospatial Consortium (OGC), o que permitirá à empresa de saneamento utilizar outras ferramentas de mapeamento.
O desperdício de água no Brasil cresceu nos últimos 5 anos, chegando a 40,3% em 2021, último ano analisado no levantamento do Instituto Trata Brasil. Segundo o estudo, feito com base nos dados do SNIS (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento), as principais causas da perda são vazamentos, erros de medição e consumos não autorizados. Enquanto isso, existem bairros de diversas cidades no país e na região do Vale do Paraíba que ainda não recebem água tratada.
“O investimento neste projeto tem a finalidade de gerar um diagnóstico do monitoramento de perda de água das cidades de Areais, Cunha e Guaratinguetá com o uso do IA. Uma ação inovadora para a região, importante e que pode contribuir muito com os nossos municípios na melhoria do uso da água potável, protegendo a bacia do rio Paraíba do Sul. Vale salientar que esse investimento, muitas das vezes, as prefeituras não têm para realizar. Por isso, a importância do trabalho do Comitê na deliberação de recursos que contribuam com a nossa região, somando forças. O Comitê está aberto para receber propostas de projetos que preservem o nosso bem hídrico, que é a água”, afirma Maria Eduarda San Martin, presidente do Comitê das Bacias Hidrográficas do Rio Paraíba do Sul.
O município de Areias é uma pequena cidade que se destaca por apresentar novas oportunidades de negócios. Com uma população de 3.906 pessoas, segundo o IBGE/2021, o município de Areias apresenta um IDH relativamente alto de 0,723, possui um sistema produtor de água que compreende captação superficial e subterrânea, adutoras e uma estação de tratamento de água. Ele conta com atendimento de 100% na área urbana, com índice de hidrometração de 77,8%. O município de Guaratinguetá, por sua vez, possui um alto Índice de Desenvolvimento Humano 0,8, 98% de sua população atendida pelo abastecimento de água e a taxa de perdas na distribuição de 63,47%. Guaratinguetá têm dificuldade no monitoramento de perdas, uma vez que as características gerais e dados das tubulações, como extensão, idade, material e diâmetro não são disponibilizadas facilmente. Outro fator é a ausência de monitoramento dos macromedidores já instalados e a falta de alguns que deveriam existir, o que ocasiona baixa eficiência na detecção de vazamentos. Por fim, o município de Cunha, não apresenta dados de perdas no abastecimento de água nos dois últimos anos disponíveis, em 2020 e 2021, uma vez que esses dados são colocados de forma auto declaratória no SNIS e não é contemplada com dados disponíveis acerca do abastecimento de água, situações que contribuíram para a divulgação das informações e políticas públicas. Ainda possui um IDH de 0,7, valor abaixo da média estadual. A Estância Climática de Cunha não possui cadastro digitalizado do sistema de abastecimento de água e não conta com hidrômetros, havendo falta de controle sobre o consumo e pelas perdas do sistema.
Os responsáveis pelos projetos são o Renato Paschoal, que é Arquiteto, Urbanista e Analista de Gestão da Inovação, Renato Boschilia, Engenheiro e Mestre de Materiais e Analista de Gestão da Inovação, Luiz Fernando Carvalho, Engenheiro da Computação e Coordenador do departamento de Negócios, Marcelo Nunes, Engenheiro Florestal e Diretor de Novos Negócios e Jeferson Cheriegate, Engenheiro de Materiais e Diretor Geral.
A previsão de início do projeto será após a assinatura do contrato com o FEHIDRO, no segundo semestre deste ano. O projeto terá um tempo total de realização de 12 meses.
“Nós do Parque Tecnológico de São José dos Campos ficamos agraciados com a contemplação no 1º edital de 2023 do FEHIDRO. Foi um trabalho em conjunto com toda equipe do PQTEC. O projeto visa abordar um problema crescente, o desperdício de água. O Parque Tecnológico de São José dos Campos tem como um dos seus propósitos ajudar os municípios a se inovarem, além de contribuir na gestão eficiente de recursos hídricos, desempenhando um papel fundamental na conservação do meio ambiente e na inovação em nossa região. Nosso planeta enfrenta uma crise de água sem precedentes, agravada pelas mudanças climáticas e pelo uso ineficiente dos recursos hídricos. Esta iniciativa contribuirá para combater esta crise através da implementação de sistemas inteligentes de gerenciamento de água, que minimizam as perdas e maximizam a eficiência. Estamos otimizando o uso deste recurso precioso e essencial para a vida, ajudando a garantir que futuras gerações possam usufruir dos benefícios que a água oferece. No que diz respeito ao impacto no Parque Tecnológico de São José dos Campos, nosso projeto é um exemplo de como a inovação pode ser usada para abordar os problemas sociais mais prementes. Estamos criando um modelo que poderá ser replicado em outras cidades e regiões, promovendo uma abordagem mais sustentável e eficiente para a gestão de recursos hídricos. Isso abre portas para futuros avanços tecnológicos e cria uma infraestrutura que apoia a inovação no país. Estamos orgulhosos de estar na vanguarda deste esforço e ansiosos para ver os benefícios duradouros que ele trará para as nossas comunidades e para o mundo”, afirmam Renato Paschoal e Renato Boschilia Jr., dois principais responsáveis técnicos que apresentaram o projeto ao CBH-PS.
Sobre o Comitê das Bacias Hidrográficas do Rio Paraíba do Sul (CBH-PS)
O CBH-PS delibera a gestão das águas no território paulista. O estado de São Paulo foi dividido em 22 Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) e a Bacia do Rio Paraíba do Sul está na UGRHI 2. Possui três reservatórios – Paraibuna/Paraitinga, Santa Branca e Jaguari – com uma área de drenagem de 14.444 km². Os principais rios da bacia são: Paraibuna, Paraitinga, Jaguari, Una, Buquira/Ferrão. Os municípios atendidos pelo rio Paraíba do Sul são: Aparecida, Arapeí, Areias, Arujá, Bananal, Caçapava, Cachoeira Paulista, Canas, Cruzeiro, Cunha, Guararema, Guaratinguetá, Guarulhos, Igaratá, Jacareí, Jambeiro, Lagoinha, Lavrinhas, Lorena, Monteiro Lobato, Natividade da Serra, Paraibuna, Pindamonhangaba, Piquete, Potim, Queluz, Redenção da Serra, Roseira, Santa Branca, Santa Isabel, São José do Barreiro, São José dos Campos, São Luiz do Paraitinga, Silveiras, Taubaté e Tremembé.
Sobre o Parque Tecnológico de São José dos Campos
O Parque Tecnológico de São José dos Campos (PqTec) é um projeto pioneiro no Estado de São Paulo e um dos maiores complexos de inovação e empreendedorismo do Brasil. Com cerca de 15 anos de operação, o PqTec conta com mais de 400 empresas conectadas/associadas e é responsável pela gestão de 3 Arranjos Produtivos Locais (APLs) / Clusters: Aeroespacial e Defesa, TIC Vale (TIC) e Agropolo Vale (Agro). O Nexus Hub é um dos principais programas do PqTec, com mais de 150 empresas residentes nos 4 Centros Empresariais, em aproximadamente 30 mil m². Além disso, o PqTec oferece 5 Laboratórios de uso compartilhado e 5 Institutos de Ciência, Tecnologia e Inovação, bem como 7 Institutos de Ensino e Pesquisa, com 1.700 vagas/ano, 98 funcionários, 257 professores e 4.230 alunos. O PqTec é uma instituição comprometida em promover a ciência, a tecnologia, a inovação tecnológica e o empreendedorismo sustentável, apoiando as atividades empresariais intensivas em conhecimento, sempre em benefício da coletividade. Nos últimos 5 anos, o PqTec firmou convênios com instituições como a FINEP, ABDI, APEX Brasil, Governo do Estado de São Paulo e Prefeitura Municipal de São José dos Campos. É mais do que um ambiente de residência de empresas, é um ecossistema completo para o crescimento e fortalecimento de empresas e empreendedores. O PqTec une universidade, empresa, governo e sociedade, resultando em sólidos resultados de inovação tecnológica e desenvolvimento econômico.